O que são?
Os esteroides anabolizantes (EAs) são hormônios sintéticos usados exclusivamente com finalidade estética e de performance física. Há uma preocupação crescente quanto ao uso dessas substâncias, pois não são isentas de risco à saúde. São exemplos: testosterona, nandrolona, oxandrolona, tremboloma, estanozolol, dentre outros que podem ser consultados no Código Mundial Antidopagem.
Efeitos Colaterais
- Eritrocitose: corresponde ao aumento da hemoglobina e hematócrito (“sangue grosso”). É um feito colateral muito comum, até mesmo em homens que fazem uso de testosterona como reposição hormonal, ou seja, com indicação médica para tratamento do hipogonadismo. Acredita-se que isso ocorra devido à supressão da hepcidina, um inibidor da absorção intestinal de ferro. A ocorrência da eritrocitose é dose e formulação-dependente, sendo mais observada com uso de cipionato e enantato de testosterona. A principal preocupação em relação a esse aumento de viscosidade sanguínea é o desenvolvimento de trombose.
- Acne: é uma doença inflamatória da pele, onde há aumento da atividade das glândulas sebáceas mediada pelos andrógenos.
- Alopécia androgenética: a diidrotestosterona (DHT) é o principal andrógeno envolvido, derivado da conversão da testosterona pela 5-alfa-redutase.
- Virilização em mulheres: aumento de pêlos corporais (hirsurtismo), engrossamento da voz, aumento do clitóris
- Ginecomastia: crescimento de tecido mamário ocorre pela alteração da relação testosterona/estradiol mediada pelo complexo enzimático da aromatase.
- Hipertensão: resulta da vasoconstrição por meio da regulação positiva da expressão de tromboxano A2, síntese de norepinefrina, ação da endotelina-1 e de angiotensina II.
- Cardiomiopatia: vários relatos de casos descrevem morte súbita em atletas jovens que não tinham doença cardíaca previamente conhecida, mas que estavam tomando andrógenos. Hipertrofia cardíaca ou miocardite foram encontradas na autópsia.
- Dislipidemia: redução no HDL (“colesterol bom”) e aumento no LDL (“colesterol ruim”)
- Hepatotoxicidade: efeito prejudicial ao fígado, que pode se expressar por aumento dos níveis de aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), lactato desidrogenase (LDH) e gama-glutamil transpeptidase (GGT). Mais raramente, poderia causar icteríca, formação de cistos e adenomas hepáticos.
- Sintomas neuropsiquiátricos: vários estudos descrevem uma associação entre o uso de EAs e distúrbios do humor, agressividade, comportamento de risco ou mesmo criminoso.
- Alterações no sistema reprodutivo: o uso de EAs suprime a ação das gonodotrofinas. Nas mulheres, isso se traduz em mudanças no ciclo menstrual e, muitas vezes, amenorreia. Nos homens, na redução da espermatogênese e produção natural testicular de testosterona.
- Aumento da resistência insulínica e crescimento de partes moles: sintomas compatíveis com acromegalia em usuários de hormônio do crescimento (GH).
Referências
Bond P, Smit DL, de Ronde W. Anabolic-androgenic steroids: How do they work and what are the risks? Front Endocrinol (Lausanne). 2022 Dec 19;13:1059473. doi: 10.3389/fendo.2022.1059473. PMID: 36644692; PMCID: PMC9837614.
Peter J Snyder, MD. Use of androgens and other hormones by athletes. UpToDate. Literature review current through: Feb 2025.